Seguia pela estrada rumo a Lisboa, tendo a minha música como pano de fundo sobre um céu azul escuro e pouco estrelado.
Os carros que circulavam pela autostrada eram poucos e seguiam também eles o seu rumo (sabe-se lá para onde).
Quase a chgar ao destino, em paragem pontual num semáforo vermelho, uma publicidade do laço cor-de-rosa mira-me à minha direita. E eis que o meu pensamento voa para outras paragens, para outra era, numa fracção tão rápida de segundos passam uma série de imagens vividas e experimentadas. Lembrei-me dos teus fabulosos olhos, cuja cor não consigo já definir, do teu sorriso lindo e da tua melodiosa e carinhosa voz. Mebocaina forte é bom para a dor de garganta! Toma que vais ficar melhor!! disseste tu em Santiago de Compostela numa viagem que ficou na minha memória para sempre. Estavas tu numa boa fase. Linda e bem-disposta. Gargalhadas sonoras e felizes na Praia da Formosa em mergulhos e brincadeiras de mar sempre com o teu lenço na cabeça. Cacau quente nas noites de sexta-feira nos claustros da Graça acompanhados de cantigas e de violas, melodias aconchegantes. Abraços mimosos e carinhosos e acima de tudo uma energia estonteante, contagiante [memórias minhas].
Não sei o porquê dos afastamentos e dos gaps de partilhas. O certo é que o gigante do gap fez questão de se instalar e o contacto esvaiu-se. De tal maneira que nem percebi que o mundo ruía.
Deus só leva os melhores para junto de Si! dizem. Eu ainda não consigo perceber. Sou demasiado pequenina.
Mas tal como ontem, lembro-me de ti muitas vezes. Muitas mesmo.
E depois lembro-me da tia T. e da M. e do G.
Saudade.
Onde quer que estejas, está (sê) bem.
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